sábado, 3 de novembro de 2012

Sobre o tempo


Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta tempora assedia;

Quando vejo sem folha o tronco antigo
Que ao rebanho estendia a sobra franca
E em feixe atado agora o vejo trigo seguir o carro,
A barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo à dura prova?,
Pois as graças do mundo em abandono
Morrem ao ver nascer a graça nova.

Contra a foice do tempo é vão combate
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate

SHAKESPEARE, William.

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